Limites de preços em mantimentos não são a resposta para o problema da inflação no Reino Unido

Professor Associado (Palestrante Sênior) em Economia, Universidade de Essex

Christoph Siemroth recebe financiamento do Conselho de Pesquisa Social e Econômica do Reino Unido, número ES/T006048/1 e ES/T015357/1.

A University of Essex fornece financiamento como membro do The Conversation UK.

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O primeiro-ministro Rishi Sunak está propondo uma forma de limitar os preços de alimentos básicos, como leite e pão, para diminuir o aumento de preços. É provável que isso estabeleça preços máximos que os vendedores não podem exceder, embora pareça que seria voluntário.

Os limites de preço são amados pelo público: 71% dos eleitores do Reino Unido os apoiaram em uma pesquisa de 2022. Mas são igualmente odiados pelos economistas: 75% se opõem a tetos de preços mesmo em situações de emergência, de acordo com outra pesquisa de 2022. Por que existe tal divisão? Quais são as desvantagens dos limites de preço?

O governo do Reino Unido está considerando um plano semelhante ao que a França fez na primavera, onde os supermercados foram convidados a congelar ou reduzir voluntariamente os preços de itens selecionados ao nível mais baixo possível.

Uma preocupação é que os limites de preços voluntários não farão muito. E o perigo de introduzir limites de preço abaixo dos níveis atuais é que alguns fornecedores provavelmente sairão do mercado e pararão de fornecer. Isso porque os preços limitados não cobrem mais seus custos. Assim, os limites de preço dos alimentos podem levar a prateleiras vazias dos supermercados.

Existem vários exemplos de outros países onde os limites de preço levaram à escassez:

O Zimbábue ordenou preços máximos para produtos básicos, como mantimentos, para combater a hiperinflação em 2007. As prateleiras vazias dos supermercados resultantes forçaram os compradores a entrar na fila às 5 da manhã para obter as necessidades básicas antes que os estoques acabassem.

A Hungria limitou o preço da gasolina em 2020. Como os preços internacionais do petróleo dispararam após a invasão da Ucrânia, os fornecedores não conseguiram mais cobrir seus custos. As importações para a Hungria secaram, levando a uma escassez de gasolina. A Hungria foi forçada a abandonar os preços máximos para restaurar o abastecimento.

Depois que Berlim limitou os aluguéis das propriedades em 2020, o número de apartamentos no mercado de aluguel diminuiu drasticamente. São Francisco teve uma experiência semelhante no início dos anos 1990.

Então, o que mais poderia ser feito para reduzir os preços dos alimentos? Representantes dos supermercados do Reino Unido argumentam que, em vez de limitar os preços, o governo deveria reduzir os requisitos burocráticos para o setor, como verificações de fronteira. Mas pode menos papelada realmente reduzir os preços?

Um estudo da London School of Economics estima que os controles de fronteira mais rígidos do Brexit desde janeiro de 2021 aumentaram os preços dos alimentos em 6%. Este número não contabiliza todo o aumento dos preços dos alimentos de 19% no ano passado.

No entanto, esta parte dos aumentos de preços é uma escolha. Com ou sem o Brexit, o Reino Unido poderia ter evitado esse problema adotando uma política de fronteira mais liberal, mas não o fez. A UE ergueu barreiras comerciais semelhantes contra o Reino Unido, mas o Reino Unido está sendo mais atingido porque depende mais da UE para importações do que o contrário. Isso explica em parte por que a inflação no Reino Unido é a mais alta entre os países do G7.

Inflação de preços ao consumidor no G7

Os controles fronteiriços de importação da UE também devem ficar ainda mais rígidos até o final de 2023. Se um fornecedor italiano exportar presunto de Parma para um supermercado alemão, não haverá formulários a preencher na fronteira. Se o fornecedor italiano exportar esse mesmo presunto para um supermercado britânico, terá de pagar a um médico veterinário para preencher formulários que declarem a segurança da carne, verificar esses formulários na fronteira, pagar taxas de inspeção e assim por diante.

Mais fornecedores da UE provavelmente interromperão as entregas no Reino Unido ou aumentarão os preços para compensar os custos adicionais de conformidade. Os preços dos alimentos no Reino Unido aumentariam ainda mais, o que o governo poderia evitar afrouxando seus próprios controles de fronteira.

Obviamente, a burocracia se estende além das verificações de fronteira e importações. Ao reduzir outras regulamentações, como os crescentes requisitos de relatórios financeiros impostos às empresas do Reino Unido, o governo poderia ajudar a reduzir os preços pelo menos um pouco. Cada advogado, contador ou administrador adicional aumenta os preços dos alimentos – sem colocar mais itens nas prateleiras dos supermercados.